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Meus pets, meus filhos!

Meus pets, meus filhos!

Por Ana Lúcia Guarnieri

Apesar de muita gente julgar esse vínculo, ele pode ser saudável tanto para a mãe humana quanto para o pet desde que respeitada a natureza de cada um

“Mãe é aquela que cria!”. Com certeza você já deve ter ouvido por diversas vezes essa frase. Em muitas ocasiões é usada para falar sobre o vínculo entre mães de coração e seus filhos, pelo laço estabelecido, igual ou até mais forte se realmente tivessem uma relação biológica.

Ser mãe vai muito além de gerar uma nova vida. É afeto, é amor, cuidado, responsabilidade e também preocupação. Nem todas as mulheres podem ou querem ser mães, e está tudo bem. Isso não quer dizer que não possam ter afeto similar por outros seres, como os animais de estimação. Há inclusive estudos a respeito do assunto.

Um trabalho publicado na Science, a mais importante revista científica do mundo, mostrou que ao olhar para o animal que cuida, a mulher produz ocitocina, o hormônio do amor.

Outro, liderado pelo pesquisador TakefumoKikusui, demonstra que essa ligação e liberação de ocitocina é fortemente presente na relação entre humano e cães, devido a troca de olhares.

Há também um elaborado pelo Hospital General de Massachusetts, que apontou que as mulheres tinham as mesmas regiões cerebrais ativadas ao visualizarem fotografias de seus pets e filhos humanos. O curioso, é que diante de imagens de animais e crianças aleatórios, essas mesmas partes que são associadas às emoções, não ocorre o ativamento.

Conversamos com três mães de pets que compartilharam suas experiências e contaram sobre o dia a dia com seus amados “filhos”. Falamos também com o psicanalista Fernando Roberto, que esclareceu como compreender o relacionamento entre animais e seus donos de maneira tranquila e equilibrada.

Mãe Solo

         

A auxiliar de desenvolvimento infantil Milena Botega Alves é “mãe solo” de três fofuras: Lucky (16 anos), Estopinha (10 anos) e Valentim (9 meses). Todos são SRD.

Sua paixão por animais vem desde pequena. Recorda que sempre que via algum pet já estava atrás para brincar.

Se considera mãe de pet: “Eles me trazem sentimentos de amor, são companheiros e os bichinhos acabam se tornando verdadeiros filhos de 4 patas. Meus pets são minha alegria, meus companheiros, meus amores que completam a minha vida”.

Questionada sobre humanizar os animais e de que forma se policia para que isso não ocorra, explicou: “Acho importante os pets terem comportamentos próprios deles se sujar, brincar, bagunçar e passear. Os meus, por exemplo, passeiam sem coleira com supervisão e brincam livremente quando a rua está tranquila com os pets dos vizinhos. Como minha rua é sem saída isso facilita para eles brincarem livremente e eles amam, mais sempre comigo ou minha mãe olhando para não ter perigo”.

Milena é solteira e não deseja ser mãe de humanos.

Mãe de peludo e futuramente humano

A vendedora Grace Cristina é mãe do lhasa-apso Jack há 1 ano. Desde criança conviveu com animais e sempre foi apaixonada por cachorrinhos.

Quando Jack chegou, sua vida ganhou mais cor e amor, além do sentimento de mãe: “Me considero sim mãe de pet porque ele faz parte da minha rotina, do meu dia a dia e faz parte das nossas vidas, da minha família. O Jack representa amor, companheirismo e a alegria de todos os dias”.

Grace contou que sempre se atenta para a questão de humanização do cachorro: “Eu me preocupo e a forma de evitar essa humanização é sempre deixar ele ter a própria rotina, lembrando sempre que ele é cachorro”.

Além de Jack, a vendedora pensa futuramente junto aos seu esposo em ampliar a família com um bebê.

Mãe de vários filhos

A passeadora de cães Adriana Bassoto Gatto Pinheiro é mãe de vários pets: das chihuahuas Pink (9 anos) e Cookie (6 anos), e do porquinho da Índia Puff (5 anos). Todos estão sob seus cuidados desde os 3 meses de vida.

Desde pequena, segundo relatos dos seus familiares, falava que só teria filhos cachorros: “Antes dos meus 5 anos de idade eu já falava que eu nunca teria bebês, eu não queria, mas eu queria ter vários e vários cachorros. Aquela menininha sabia o que estava falando”.

O seu desejo de infância se tornou realidade na sua vida adulta. “Com certeza eu me considero mãe de pets e eles são tudo para mim. Daria minha vida por meus bichos, não troco eles por nada, penso neles antes de pensar em mim. Muitas vezes estou muito cansada, mas ainda assim saio com minhas cachorrinhas duas vezes por dia, sendo uma das caminhadas bem longa, brincando e conversando com elas (e não andando e mexendo no celular, por exemplo, como muita gente faz). Não basta ter um cachorro, dar a melhor comida, levar ao veterinário, à tosa, mas não brincar com eles, não respeitá-los, gritar com eles… nem de longe. Os bichos são extremamente sensíveis, precisam de respeito acima de qualquer outra coisa”, explicou.

Sobre a humanização, disse se policiar a respeito: “Me policio porque isso é o melhor para eles! Eu amo minhas cachorras como se fossem minhas filhas, mas ainda as trato como cachorros que são. Porque os cães são melhores do que os humanos, e por esse motivo eles merecem tratamento específico para eles. Ficar chamando o seu cão de filho, colocar roupinhas, gastar dinheiro, mas não tirar o tempo necessário para educá-lo a ser um bom cachorro é uma coisa que muita gente faz, e isso é muito triste para o bichinho. Com tempo e paciência todo bicho aprende, mas como eu disse: leva tempo e paciência, e muita gente acha mais fácil não fazer a sua parte como bom tutor de pet, e ao invés disso punir ou gritar com o animal quando ele faz algo que a pessoa não gosta, e isso os deixa tristes e confusos. Os pets são pets, não são humanos, e por isso eles precisam da liderança e respeito do seu humano, com amor, paciência e muito respeito”, concluiu.

Adriana é casada e mora há alguns anos na Suécia.

Olhar psicanalítico

Por Fernando Schiavon

Dentro de tudo o que vimos sobre o tema, como compreender o relacionamento entre animais e seus donos de maneira tranquila e equilibrada? É possível essa convivência? A resposta é sim. Conversamos com o psicanalista clínico e didata Fernando Roberto, que respondeu perguntas sobre o tema:

 

My Pet – Quando o casal opta por não ter filhos e adota pets, como ter um relacionamento sem substituí-lo por uma criança?
Fernando – Com uma visão psicanalítica, cada relação é única e deve ser avaliada individualmente, levando em conta a história e a dinâmica do casal em questão. No entanto, é importante lembrar que os pets não substituem filhos e que essas são formas de amor e cuidado distintas. É fundamental que o casal esteja emocional e psicologicamente preparado para lidar com a adoção de um pet e que estejam cientes de que os cuidados com um animal são diferentes dos cuidados com uma criança. É importante perceber que o amor envolvido em cada relação é diferente e que cada uma pode trazer benefícios emocionais e psicológicos singulares.

My Pet – Que parâmetros de normalidade são necessários para conviver com o animal, sem exagerar?
Fernando – A presença de um pet na vida de um casal pode trazer inúmeros benefícios, como companhia e afeto. Porém, é necessário estabelecer parâmetros para a convivência saudável com o animal e para que as obrigações do animal em relação ao casal não ultrapassem os limites do necessário. Deve-se estabelecer uma rotina de cuidados e atenção com o animal, definir espaços de convivência, limitar o tempo dedicado ao animal, definição de limites, dentre outros, são importantes para garantir uma convivência saudável sem exageros.

My Pet – Qual momento deixa de ser saudável?
Fernando – Em relação ao momento onde pode ocorrer uma situação de desequilíbrio e a convivência pode deixar de ser saudável. Pode ocorrer quando os cuidados básicos com o animal começam a interferir negativamente na vida do casal. Isso pode incluir a perda de privacidade ou intimidade, despesas financeiras excessivas e negativas para a situação financeira do casal, limitações do acesso a espaços do lar, dentre outros. Além disso, deve-se observar o comportamento do animal, caso o bichinho demonstre comportamentos agressivos e exija excessiva demanda emocional. É importante procurar ajuda profissional para solucionar os problemas apresentados.

 


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