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Zooterapia – O poder da assistência animal

Zooterapia - O poder da assistência animal

A terapia mediada por animais deve ser considerada uma intervenção planejada com critérios específicos e dirigida por profissionais de várias áreas de conhecimento onde o animal deve ser visto como um auxiliar principal do processo de tratamento e dos objetivos de propostas de melhorias sociais, emocionais, físicas e ou cognitivas em pacientes humanos onde dentro desta perspectiva de bilateralidade ambas às espécies (humanos e animais), ganhem substancialmente nestas relações e vivenciem o bem-estar de maneira ética, aceitável e adequada para sua finalidade de servir.

O animal dentro de algumas crenças e culturas mundiais, era visto como sagrado, fiel e protetor e a proximidade com os humanos trouxe benefícios entre as espécies promovendo relações mais respeitosas e de cumplicidade entre ambos.

No Brasil, a utilização de cães e gatos no tratamento de pacientes com transtornos psiquiátricos teve seu primeiro registro da utilização e nomeação de animais como co-terapeutas na cidade do Rio de Janeiro em 1955; um marco zooterapêutico.

Para muitos especialista, cães, gatos e cavalos na atualidade têm se tornado importante instrumento de estudos com objetivo de diminuição dos sentimentos apresentados pela sociedade contemporânea tais como: a solidão, o isolamento e o estresse, sendo ainda os cães os animais mais utilizados para a prática da terapia mediada por animais, devido sua facilidade de adestramento, sociabilidade e maior aceitação por parte das pessoas.

No entanto, é possível encontrarmos animais de várias espécies como: peixes, roedores, répteis além daqueles comumente conhecidos como os citados no parágrafo anterior sendo utilizados como mediadores em consultórios, escolas, hospitais, instituições, postos de bombeiro, entre outros, para melhoria de humor, recuperação de alterações orgânicas como o cão-guia para humanos com acuidades visuais e também animais de fazenda.

Assim, interações entre os humanos com os animais apresentam efeitos positivos na saúde e relativamente duradouros onde o uso de animais para benefício dos seres humanos pode se considerado uma entidade complexa que teve seu início no período neolítico frente à domesticação de animais como o gato, a cabra, o cavalo, a ovelha, o porco e outros, motivadas até hoje pela peculiaridade de sentimentos entre ambos.

Desta forma, os benefícios nos pacientes, além de diminuírem a solidão e a ansiedade, podem recuperar a autoestima; desenvolver sentimentos de compaixão; estimular a prática de exercícios; além de promover uma melhor saúde física e mental pela inibição da dor e estímulo da memória, assim como benefícios sociais, pela oportunidade de comunicação, sensação de socialização, motivação, aprendizagem e segurança.

Então, a prática foi denominada e reconhecida atualmente como zooterapia e ou terapia assistida por animais (TAA); onde animais são utilizados como mediadores para promoção do bem-estar e saúde dos seres humanos e vêm sendo objeto de estudos no mundo todo e diversas técnicas têm sido aplicadas e desenvolvidas como um auxílio no tratamento de diferentes alterações psicogênicas através da Cinoterapia (cães), a Ecoterapia (cavalos) e até mesmo a Delfinoterapia (golfinhos).

No entanto, a prática da terapia mediada por animais não deve ser entendida como substituta de terapias e tratamentos convencionais, mas sim como uma possibilidade auxiliar de pesquisa em atenção à diversidade, para melhorar a qualidade de vida de pessoas não raramente ignoradas pela sociedade, como nos casos de pacientes com alterações orgânicas, sensoriais, mentais e motoras, além daqueles que, estão em centros penitenciários.

Nesse contexto evidencia-se a importância do papel de equipes multidisciplinares com características interdisciplinares para o tratamento de questões de saúde pública, bem como cuidados necessários para a promoção do bem-estar animal dos quais estarão envolvidos em programas de terapias mediadas por animais. Assim, a prática da Terapia Mediada por Animais pressupõe a atuação e ou supervisão de uma equipe interdisciplinar e sua composição terá variações de acordo com a espécie empregada.

Em algumas situações, posteriormente a treinamentos prévios, profissionais da saúde como: médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores em várias especialidades, veterinários, zootecnistas, adestradores e comportamentalistas deverão compor as equipes para uma melhor funcionalidade do trabalho e dos objetivos propostos.

Nesse sentido, às áreas de atuação multidisciplinares podem funcionar como facilitadores motivacionais, mediadores e na promoção de um melhor entendimento na manutenção e desenvolvimento dos programas de terapia assistida ou mediada por animais facilitando a manutenção da segurança, condução dos projetos entre ambas as espécies envolvidas no processo e zelando pelo bem estar dos animais e dos praticantes.

Com relação à mensuração de parâmetros e indicadores de bem estar dos animais utilizados dentro de um programa de terapia mediada pode-se dizer que o comportamento animal é deveras fascinante tanto para o público envolvido como para os cientistas que estudam os animais, portanto torna-se necessário entender às bases fisiológicas, etológicas e comportamentais das espécies inseridas no contexto terapêutico atribuído ao Médico Veterinário.

O Médico Veterinário desempenha um importante papel no acompanhamento das manifestações comportamentais do animal junto a adestradores e etnólogos com intuito de zelar pela saúde do mesmo.

A terapia mediada por animais ainda precisa de um aprofundamento maior no Brasil e ao mesmo tempo dos profissionais que atuam dentro desta perspectiva, pois os resultados experimentados são otimistas.

No mesmo sentido existem profissionais da área de saúde que apresentam profundo interesse pelo tema, mas não detêm conhecimento aprofundado sobre o comportamento dos animais. Por outro lado, há profissionais da medicina veterinária que conhecem bem o animal, mas sabem pouco sobre os seres humanos. Podemos concluir que não há limites nos relacionamentos entre as espécies de animais e os seres humanos, e que a terapia mediada por animais deve ser estudada com maior profundidade com o devido respaldo científico através de equipes interdisciplinares que compõem e norteiam suas necessidades, estimuladas e aplicadas com critérios cada vez mais sólidos e aceitáveis; desde que sejam utilizadas metodologias adequadas, justas e que levem em consideração o bem estar não só unilateral, mas sim de todos os seres envolvidos no processo: tanto os seres humanos quanto os animais.

Escrito por Fabio Cêra (Tio Fabão) – Especialista em Comportamento Animal / Proprietário do Hotel de Cães Tio Fabão

 


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