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Heitor Fioravanti

Heitor Fioravanti

O dia 25 de novembro é comemorado no Brasil, o Dia Nacional do Doador de Sangue. Além dos humanos, os animais de estimação também podem ser doadores e contribuir para salvar outras vidas, desde que, é claro, o outro pet seja da sua espécie.

Para falar sobre o tema conversamos com o médico veterinário Dr. Heitor Fioravanti, da Clínica Pet Niva. Heitor tem especialização em Clínica e cirurgia de Pets Exóticos, aperfeiçoamento em Ortopedia e Endoscopia e atualmente cursa especialização em Oftalmologia.

Além de esclarecer as principais dúvidas a respeito da tipagem sanguínea dos pets, Heitor falou também sobre os cuidados que os animais que fazem doação devem receber após o procedimento, a importância, entre outras questões.

Revista My Pet – Qual é a importância da doação de sangue para os pets?
Dr. Heitor – A doação de sangue para os pets é muito importante, pois uma bolsa de sangue pode definir entre a vida e a morte de um animal que necessita de transfusão sanguínea.

My Pet – Os tipos sanguíneos de cães e gatos são os mesmos que os nossos?
Dr. Heitor – Os tipos sanguíneos dos animais são diferentes dos humanos. Em gatos, podem ser do tipo A (mais comum), B ou AB. Já nos cães, são 8 principais: DEA 1 a 8.
Recomenda-se realizar a tipagem ou teste de compatibilidade prévia a transfusão sanguínea ou em pacientes que já fizeram mais de uma transfusão.
Em casos de emergência onde não há disponibilidade de testes ou tempo para espera do resultado do teste de compatibilidade, pode se realizar a transfusão às cegas sob uso de imunossupressores, para diminuir o risco de reação transfusional.
Devemos ter em mente que a transfusão é considerada um tipo de transplante, por isso pode ocorrer rejeição do sangue pelo receptor.

My Pet – Quais espécies podem doar?
Dr. Heitor – Cães são os doadores mais comuns, porém gatos, coelhos, aves e alguns répteis podem doar de acordo com a necessidade.
Em pets exóticos aqui na clínica, já realizamos transfusão de coelho e jabuti.

My Pet – Quais são os critérios para cães e gatos serem doadores?
Dr. Heitor – Os critérios gerais são animais saudáveis, com vacinação e vermifugação atualizadas, sem ectoparasitas e que não tenham histórico de doenças crônicas graves.
Em relação ao comportamento, preferencialmente doadores dóceis, que permitam a contenção durante a colheita de sangue.
Os cães, precisam estar acima de 27 kg, ter de 1 a 8 anos de idade, ser saudáveis e domiciliados. Já os gatos, maiores que 4,5 kg, ter entre 1 a 8 anos de idade, saudáveis e domiciliados
São realizados examessanguíneos de triagem, como hemograma, avaliação renal, avaliação hepática e pesquisa de hemoparasitas e doenças virais, pois apesar de clinicamente um doador possa parecer saudável, ele pode estar incubando alguma doença que se manifesta ou piora após transfusão, por isso, a importância de se checar se o doador está apto antes da doação sanguínea.

My Pet – Como é o processo de coleta?
Dr. Heitor – É um processo bem tranquilo, que dura em torno de 20 a 30 minutos para preencher o volume da bolsa coletora
O pet deve permanecer parado, para isso auxiliamos na contenção e no caso de animais mais agitados ou agressivos, pode ser realizada uma sedação leve para acalmar o animal durante a coleta.
Em gatos por serem menores do que cães é recomendado a reposição volêmica (precisam tomar soro após transfusão). Em cães não é precisa essa reposição.

My Pet – É preciso internação?
Dr. Heitor – Não necessita de internação e o pet é liberado logo após a colheita.

My Pet – É indolor para os animais?
Dr. Heitor – O que muitas vezes os pets não gostam é da contenção, pois deve se ficar deitado e com o pescoço esticado até o término da colheita. Em relação à dor, podem apresentar um leve incômodo da agulha.

My Pet – Há contraindicação?
Dr. Heitor – Sim! Paciente idosos, gestantes, em fase de reprodução e que tenham doenças crônicas (pacientes oncológicos, doenças hematológicas, doenças imunomediadas, doença renal e hepática) não estão aptos para o procedimento.

My Pet – Em quais casos, a transfusão pode ser necessária?
Dr. Heitor – Basicamente o sangue é formado por células vermelhas (hemácias), células brancas (leucócitos), células da coagulação (plaquetas), nutrientes e fatores de coagulação (plasma). A transfusão de sangue é necessária quando há queda de algum dos componentes do sangue que comprometam a vida do paciente.
A transfusão é realizada principalmente em algumas doenças como hemoparasitoses (doença do carrapato nos cães ou doença da pulga nos gatos), doenças virais (FIV, FeLV, parvovirose) em pacientes em tratamento oncológico ou em grandes perdas sanguíneas, como nas hemorragias ativas no caso de grandes traumas ou cirurgias de grande extensão.

My Pet – O tutor deverá seguir alguns cuidados após a doação?
Dr. Heitor – Basicamente manter o repouso no dia da colheita e se certificar de que o seu pet se alimentou e bebeu água, depois vida normal. A doação de sangue pode ser feita até 2 vezes ao ano.

My Pet – Atualmente, quem tiver interesse, deve procurar quais locais para realizarem a doação de sangue dos seus pets?
Dr. Heitor – Pode procurar um banco de sangue veterinário para doação e se certificar de que serão realizados os exames pré-coleta. Existe um aqui em Itu, outro em Sorocaba e também em Campinas.
Após a colheita, o sangue é processado para ser armazenado e pode ser fornecido na composição total ou dividido de acordo com os componentes sanguíneos (bolsa de concentrado de hemácias ou plaquetas, plasma sanguíneo e crioprecipitado) para atender a demanda do paciente, pois muitas vezes é necessário a transfusão de somente um tipo celular.
Finalizando, é importante criarmos a cultura da Medicina Preventiva, ou seja, realizar exames de rotina anuais nos nossos pets, para que as doenças sejam identificadas de início, garantindo um melhor prognóstico e evolução do paciente.

Por Ana Lúcia Guarnieri

 


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