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Saiba mais sobre a Ansiedade por Separação Animal “SASA”

Saiba mais sobre a Ansiedade por Separação Animal “SASA”

A ansiedade por separação animal não é uma questão comportamental e sim uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas anormais específicos indicando muito sofrimento quando o animal separa-se da figura de apego; humano(s), outro(s) animais, podendo ser inclusive incluídos objetos inanimados e ambientes reconhecidos pelo animal.

Estatisticamente a síndrome tem sido uma das principais queixas de tutores de cães relacionadas ao comportamento da espécie, pois está apenas uma posição abaixo da agressividade canina que é o principal problema de saúde pública na atualidade.

A ocorrência da “SASA” é mais comum do que se imagina, porém, diagnosticá-la nem sempre é fácil devido ao conjunto multifatorial envolvido no contexto. Os cães domésticos e oriundos de abrigos ou adoções segundo estatísticas apresentam maior propensão em desenvolvê-la do que cães em vida livre, cães destinados ao trabalho com rotinas pré-estabelecidas, cães que participam de escolas de adestramento ou cães que habitualmente frequentam hotéis ou creches.

A síndrome acomete cães de qualquer raça e sexo sendo mais comum a observação na entrada do período juvenil à fase adulta; mas não é regra. O diagnóstico não é simples, geralmente os sintomas observados são confundidos com várias outras questões comportamentais ou até mesmo com simples transtornos ansiosos por isso pode ser confuso diagnosticá-la e somente especialistas em comportamento possuem capacitação para identificá-la e tratá-la.

Os sintomas e causas mais comuns da ansiedade por separação são a hipervinculação a figura de apego, destruição de objetos relacionados ao tutor ou comportamentos destrutivos, falta de socialização primária, retirada precoce de filhotes da ninhada antes dos sessenta dias e inclusão a novas configurações familiares, comportamentos tediosos, falta de atividades dirigidas, déficit de gasto energético, impedimento do desenvolvimento de relações sociais interespecíficas e intraespecíficas, vocalizações excessivas, marcações excessivas através da urina e fezes na ausência do tutor, choramingo e uivos compulsivos, comportamentos estereotipados, falta ou excesso de apetite principalmente quando o dono não se faz presente, condições de estresse crônico, medo exacerbado ou fobias, quadros constantes de ansiedade e frustração, automutilação, agressividade a figura de apego pontuais e ritualizadas, tremores, salivações excessivas, lambeduras intermitentes, excesso de saudações no reencontro com a figura de apego, etc.

O maior desafio é que um único sintoma não pode caracteriza-la. Alguns autores afirmam que para que o diagnóstico seja conclusivo são necessários pelo menos três sintomas conjuntos dentro de um contexto específico. Assim como o diagnóstico o tratamento também é multifatorial e por muitas vezes o ideal é trata-la em equipes multidisciplinares (veterinário, adestrador com vivência comportamental e psicólogos). Não é raro a necessidade da utilização de fármacos associados as terapias comportamentais e estratégias ambientais dirigidas.

Os tutores têm influência e responsabilidade direta na restauração destes comportamentos e desta síndrome. O que torna o problema mais sério é a comum falta de informação e o desconhecimento dos profissionais em reconhecer a síndrome e tratá-la, além de outros fatores como a distorção da visão do tutor em relação ao cão, a falta de tempo para destinar ao tratamento e os custos elevado para tal. O ideal seria se houvesse uma cultura preventiva nas relações dos humanos com os animais.

Atualmente existem bons protocolos disponíveis graças aos avanços dos estudos do comportamento animal que nos dão esperança de melhores prognósticos a médio e longo prazo e a reabilitação de cães acometidos pela síndrome devem ser realizados somente através de acompanhamento profissional com experiência comprovada nestes casos.

Escrito por Fabio Cêra (Tio Fabão) – Especialista em Comportamento Animal/ Proprietário do Hotel de Cães Tio Fabão


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